História: campo de disputa. Dos livros didáticos ao Carnaval

Foram nas alegorias expostas pela Mangueira no ano de 2019 que foi dado o recado ao povo brasileiro. Uma narrativa silenciada pela História Oficial é evocada e o samba mais uma vez torna-se uma importante ferramenta para retomar o que é a História, pra o que ela serve e suas diferentes possibilidades. O samba enredo vencedor da Mangueira elucida um silenciamento ensurdecedor, quando personagens como Dandara, os Cariris, os Tamoios e Francisco José do Nascimento, mais conhecido como Dragão do Mar são desconhecidos dentro dos muros das escolas.

A música e o carnaval são importantes expoentes das vozes silenciadas deste Brasil, possibilitando iluminar muitas vezes o que não é exposto no ensino de História. Não é preciso buscar longe, fora das alegorias carnavalescas podemos apresentar uma segunda narrativa musical, “Não foi Cabral”, o funk de MC Carol que de maneira mais direta leva aos ouvintes questionarem a “História Tradicional” que ainda é difundida no Ensino da História.

A partir das novas demandas sociais, dos questionamentos relacionados aos mitos originários que dizem respeito a heróis nacionais, é possível reconhecer a importância de construir uma narrativa que problematize nossa história, a qual, normalmente, não permite aos grupos heterogêneos que compõem este país se identifiquem ou se enxerguem dentro dos livros didáticos ou das histórias contadas nas escolas.

É preciso reconhecer outros espaços educativos, como o carnaval – o Carnaval da luta, resistência, da arte e da cultura popular – espaços que também estão no campo de disputa em torno da memória nacional           ; um importante locus da narrativa historiográfica, colando o Brasil reconfigurado, com uma nova bandeira, como a que foi apresentada pela Mangueira no carnaval de 2019. 

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